Operação Carbono Oculto: PCC infiltrou-se em usinas de etanol e movimentou bilhões em esquema de lavagem
Força-tarefa revela participação de grandes grupos do setor sucroenergético em fraudes fiscais, ambientais e financeiras ligadas à facção criminosa.
A megaoperação Carbono Oculto, deflagrada no fim de agosto pela Polícia Federal, Receita Federal, Ministério Público e outros órgãos de controle, trouxe à tona o maior esquema de lavagem de dinheiro já atribuído ao Primeiro Comando da Capital (PCC) no setor de combustíveis. Segundo as investigações, a facção criminosa teria usado usinas, distribuidoras e fundos de investimento para movimentar bilhões de reais em atividades ilícitas, que iam de sonegação de impostos a fraudes ambientais e financeiras.
Entre as empresas investigadas, estão usinas de grande porte, como a Usina Carolo (Pontal, SP), o grupo Virgolino de Oliveira (V.O.), a Usina Itajobi, a Furlan, a Rio Pardo, a Comanche e a Goiás Bioenergia. Documentos apontam que parte dessas companhias foi adquirida por fundos controlados pela organização criminosa, enquanto outras estavam em processo de parceria ou negociação.
De acordo com a Receita Federal, quatro usinas já haviam sido compradas com recursos de fundos fraudulentos, e outras duas estavam em processo de aquisição. O modelo de atuação envolvia desde a manipulação de notas fiscais até a criação de um sistema paralelo de créditos de carbono, usado para dar aparência de legalidade às transações.
O epicentro do esquema, segundo a força-tarefa, ficava em Ribeirão Preto e região, no interior de São Paulo, polo sucroenergético do país. Dali, partiam operações que se espalhavam para outros estados e até para o mercado financeiro da Faria Lima, em São Paulo.
Apesar das investigações, algumas empresas citadas alegam não serem alvo direto da operação. O grupo Virgolino de Oliveira, por exemplo, informou que colabora com as autoridades e que suas operações financeiras passaram por aprovação judicial.
A operação resultou no bloqueio de R$ 1 bilhão em bens, cumprimento de mais de 350 mandados judiciais e se tornou um marco no enfrentamento da infiltração do crime organizado na economia formal.

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