PF aponta ex-ministro de Bolsonaro como peça-chave em esquema de corrupção

 

José Carlos Oliveira, ex-ministro de Jair Bolsonaro.

A Polícia Federal identificou o ex-ministro da Previdência do governo Jair Bolsonaro, José Carlos Oliveira, como um dos elementos centrais de uma estrutura voltada à prática de corrupção dentro do INSS e de órgãos ligados à Previdência. Segundo relatório citado pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, o envolvimento de Oliveira não se restringiu ao período em que atuou como diretor do instituto — ele teria continuado a agir durante sua passagem pelo comando do Ministério do Trabalho e Previdência.

Atos praticados enquanto ocupava cargos estratégicos

De acordo com o inquérito, o esquema operava enquanto Oliveira assumia funções consideradas sensíveis na administração pública, entre elas a diretoria de benefícios, a presidência do INSS e, posteriormente, o posto de ministro.

Um dos episódios apontados pelos investigadores é a assinatura de uma ordem que direcionou R$ 15,3 milhões à CONAFER (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil). O repasse teria ocorrido sem exigência de documentação adequada e em desacordo com as normas internas, o que, segundo a PF, abriu caminho para a continuidade das irregularidades.

Interceptações telefônicas anexadas ao processo indicam que as supostas articulações criminosas e o pagamento de propina teriam persistido mesmo após Oliveira assumir o ministério.

STF determina monitoramento

Com base nos indícios reunidos pela investigação, o STF determinou, na última terça-feira (11), que o ex-ministro seja monitorado por tornozeleira eletrônica, medida considerada necessária para o avanço das apurações.

Reação da CONAFER

A CONAFER, também alvo da investigação, divulgou uma nota pública na quinta-feira (13) afirmando estar disposta a colaborar com as autoridades. A entidade destacou a importância da presunção de inocência e sugeriu que a operação poderia estar sendo usada como “cortina de fumaça”.

Segundo o comunicado, a interrupção de suas atividades “afeta milhares de famílias do campo, povos indígenas e comunidades tradicionais”. A confederação também criticou o que chamou de “uso de prisões e exposição midiática como instrumento para condução de narrativas políticas”, alegando prejuízo ao interesse público.

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